Uma lição
Reflexão sobre a vida de Lillian Hauerwas, precoce porta-voz não oficial da Harley-Davidson® que se dedicou a incentivar mulheres motociclistas
Texto: Kimberly A. Thomas
Fotos: Acervo Harley-Davidson
Lillian Hauerwas não foi apenas uma ávida motociclista: foi também uma defensora ferrenha de mulheres motociclistas. Começou a pilotar uma motocicleta em 1911, aos 19 anos. Dez anos depois, registrou ter acumulado mais de 90.000 km.
Lillian aproveitou todas as oportunidades possíveis para tentar convencer as mulheres de que podiam pilotar sem abrir mão de seu encanto e de sua feminilidade. Nos artigos que escreveu para revistas norteamericanas especializadas como a The Harley-Davidson Dealer e a The Harley- Davidson Enthusiast, Lillian ressaltava duas ideias: as mulheres podiam pilotar uma motocicleta sem deixar de ser femininas; e o obstáculo que impedia um maior número delas de pilotar era, simplesmente, a falta de conhecimento sobre o esporte e a máquina.
Em seu artigo “Educational Work Needed: More Women Would Ride Motorcycles if They Understood the Machines” [É preciso esclarecer: mais mulheres pilotariam motocicletas se entendessem as máquinas], Lillian escreveu o seguinte: “Estou totalmente convencida de que não há mais mulheres pilotando motocicletas porque não conseguem perceber as possibilidades recreativas que a máquina oferece.
“De modo geral, muitas mulheres consideram as motocicletas muito complicadas e difíceis de manusear, quando na verdade é exatamente o contrário. Se pudessem ser instigadas a dar uma volta em condições favoráveis, ganhariam confiança de imediato…”
Lillian foi um dos primeiros membros e a única motociclista mulher do Milwaukee Motorcycle Club, criado em 1913. A sede do clube ficava na esquina da 35th Street com a Wells Street, a poucas quadras da fábrica da Harley-Davidson®. Lillian foi anfitriã oficial do clube, ajudando a organizar as festas e confraternizações do grupo.
Conhecida por encarar desafios dos quais muitos motociclistas mantinham distância, Lillian foi citada em diversos artigos que promoveram seus feitos. A edição de outubro de 1912 da Harley- Davidson Dealer, por exemplo, escreveu o seguinte sobre ela: “A senhorita Lillian Hauerwas de Milwaukee (…) conquistou o feito invejável de ser a primeira garota a pilotar uma motocicleta nas péssimas estradas que ligam Chicago a Milwaukee”.
Em 1913, durante o Gypsy Tour de 322 milhas, cujo percurso organizado pelo Milwaukee Motorcycle Club partiu de Milwaukee, passando por Madison e Appleton, alguns motociclistas homens foram vistos admitindo o seguinte: “Quem dera eu pudesse pilotar como ela”.
A fome de aventura de Lillian e seu amor pelos Estados Unidos a levou a cogitar tornar-se uma mensageira motociclista na Europa durante a Primeira Guerra Mundial.
Lillian também trabalhou na Motor Company por vários anos; a primeira pista oficial de sua colocação na empresa foi um artigo publicado na edição de 16 de novembro de 1916 da Motor Cycle Illustrated, no qual é mencionada como membro da equipe Harley-Davidson na Convenção do Mercado Nacional de Motocicletas, Bicicletas e Acessórios realizada em Chicago naquele ano. Em 1917, estava registrada como membro da equipe administrativa e em 1921 já era responsável pelas estatísticas e registros de vendas.
De acordo com o censo norteamericano de 1930 e 1940, a indomável Lillian passou então a trabalhar como estenógrafa e, posteriormente, fez um curso de técnica de raio-X. Lillian ressaltava que uma mulher podia pilotar uma motocicleta sem deixar de ser feminina.
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